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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

COTIDIANO

Um polígrafo - Contemple a glória do dia
Autor: Cristiano Kock Vitta*
Sexta-feira já foi um dia muito desejado. Com o advento do lazer administrado, passou a ser angustiante. Quando não estamos sendo patrulhados - em casa, na rua, no trabalho ou na fazenda -, nós mesmos nos encarregamos de impor limites aos momentos de vadiagem. Para tanto, criamos categorias para aproveitar o dia dentro de padrões bastante parecidos uns dos outros. Sem dúvida, uma perda significativa de criatividade nas relações humanas.
Permita-me, leitor, sugerir alguns incrementos para que seus dias de vagabundagem se tornem um exercício de cura e libertação. A ociosidade pode ser uma religião capaz de levar ao autoconhecimento. Vamos tentar fazer com que horas inúteis deixem de provocar ansiedade antes da volta ao batente. Para tanto, aceite-me como seu guru até o término desta crônica extremamente pretensiosa.
Em primeiro lugar, não se sinta inútil quando não está fazendo algo que lhe proporcione o que é chamado de "ganho". Sinta-se conectado com o cosmos. Sinta-se produzindo movimentos de dentro para fora. Deixe o diabo trabalhar na ferramentaria de sua mente. O diabo é o pai do rock. Tenha ideias. Exercite a divagação. Faça a cabeça entrar em ebulição. Sinta-se estimulado pela fumaça do vapor desta ebulição. Perceba que as imagens surgidas na aurora da sensação fazem parte de uma ousada viagem onírica. Seu crânio, neste momento, abriga o maior tesouro da raça humana: o cérebro.
Não se trata mais de mais um órgão do corpo a serviço de alguém que lhe dita regras no cotidiano. Agora, a massa gelatinosa dentro da sua cabeça está na plenitude de sua potência. Use-a conforme seus horizontes, mas não se deprecie. Vá ao encontro do mistério lúdico.Contemple as coisas ao seu redor. Aprecie os raios energéticos do sol, o azul turquesa pacificador do céu e a refrescância da brisa que carrega aromas vindos de terras longínquas.
Desligue a televisão. Observe as palmas de suas mãos. Veja as linhas, todas tortas. Leia cronistas brasileiros. Ouça o novo som de Joyce, que se chama Slow Music. Troque o fast food pela slow food. Encha a mesa de comida, bebida e amigos. Toque-os, ouça suas risadas, compartilhe as gargalhadas. Desprenda-se. Saborei-se. Mergulhe na introspecção e volte à superfície em questão de segundos.
Contemple a beleza dos astros. Sinta-se em paz. Você não precisa acreditar em nada para se sentir feliz. Você só precisa estar junto de si.
* Jornalista do Jornal de Limeira, escritor, poeta, Santista, Anarquista e tem dois blogs na rede: http://banzeiro.zip.net/ e http://kockvitta.blogspot.com/ .
PS: O texto foi publicado hoje no http://www.jornaldelimeira.com.br/ na PG02.

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