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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

VIVA SEMPRE MERCEDES SOSA

Muria la Negra - Morreu Mercedes Sosa Escrito por Roberto Ponciano
Calem-se todas as orquestras, ela já¡ não esta. Que o violonista use suas mãos só para secar copiosas lágrimas que brotam em manancial. O espaço mágico que ela ocupava agora esta vazio. Que o público faça um silêncio respeitoso, quase religioso. A voz de um povo escendido já não invade tronitoante as platéias. Que os pobres, camponeses, obreiros, proletários das fábricas, pescadores, sapateiros, feirantes, costureiras, amas de leite, babás... que todos se calem, com os olhos cheios de lágrimas, na ausência desta voz que era luz na escuridão.
Se cala a cantora, cala a vida, porque a vida, a vida mesmo de um canto. Se cala a cantora, morre de espanto, a esperança, a luz de alegria. Se cala a cantora ficam solitários os humildes vendedores de jornais. Os carregadores do porto se resignam, quem lutará por seus salários?
Muria La Negra. A voz de uma nação. A voz que vinha de Tucumãn e invadiu o globo terrestre, com o tambor inconfundível latino-americano, pela cintura cósmica do sul, fazendo com que cada povo se sinta mais próximo e acalentado, pelo sopro divinal daquela voz austral. Mercedes Sosa. A voz de um povo, a alma de um continente. Se você ler este texto sem lágrimas nos olhos é porque, como muitos latino-americanos, não desconhece a obra, mas a luta, o fato de uma mulher que foi recolhendo caídos pelos caminhos, pelos vários solos férteis da América Nossa, um canto. O canto argentino, o canto uruguaio, o canto chileno, o canto brasileiro, o canto cubano, nicaragüense, todas las manos, todas, todas las vozes, todas, toda la sangre puede ser cancion en el viento. Canta comigo canta, hermano americano, libera tu esperanza con un grito en la voz.
E se fez Rio-oceano, e se fez manancial inesgotável, puro, límpido, manancial de Violeta Parra, de Atahualpa Yupanqui, de Pablo Milanez, de Chico Buarque, de Milton Nascimento, de Leon Gieco, de Fito Paez, de Victor Jarra, de Maria Helena Walsh; do povo chileno assassinado, do povo brasileiro assassinado, do povo argentino assassinado, dos povos originais assassinados.
Uma mulher que cantou a dor, as ditaduras, a morte de amigos como Jarra, fuzilado no estádio nacional do Chile, depois de ter as mãos decepadas pela ditadura de Pinochet. Cantou a injustiça, mas que também cantou a luz, a vida e a esperança. Tantas veces me mataron, tantas desapareci, a mi propio entierro fui y llorando, hizo un nudo en el panuelo pero me olvidã despues que no era la ultima vez, y seguirá­ cantando. Tantas vezes morreres, tantas ressuscitares.
Sim, é um dia de muita tristeza, um dia de muita dor. Morreu nossa luz e nossa alegria. Morreu La Negra, de todos os povos, de todas as lutas, de todos os caminhos, de todas as esperanças. E como na poesia de Maria Helena Walsh, creio que ela quer que todos nós, hermanos y hermanas, sigamos cantando ao sol, como a cigarra, depois de um ano debaixo da terra, igual que sobrevivente que volta da guerra.
A grande homenagem que fazemos e faremos á Mercedes Sosa ao celebrar suas músicas, que mesmo não sendo compostas por ela, são dela, por que alcançaram a dimensão diáfana e mí­stica que com ela conseguia ao cantar.
Terminando, como se fosse uma poética, que todos faremos em tua homenagem, belíssima Negra de Tucumãn. Todas as mãos, todas, todas as vozes, todas, todo o sangue pode, ser cantado ao vento. Canta comigo, canta, irmão Americano, desperta sua esperança com um grito na voz!
Escrito com muita dor, por Roberto Ponciano em homenagem a maior cantora latino-americana, que infelizmente nos deixou neste fim de semana.
Mercedes Sosa, Presente! Nós perpetuaremos tua obra!

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