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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

COPIANDO E REPASSANDO

"Esta secção, tem como objetivo socializar através da leitura dos posts uma obra literária de vulto. Todo dia será postado um texto do livro a ser abordado. Quem tiver sugestões e queira colaborar, envie nome das obras ou as mesmas para este exercício de compartilhar arquivos e conhecidos. Endereço Eletrônico: revupoeta@yahoo.com.br ou revupoeta@gmail.com “.
A OBRA
Vamos iniciar com a coletânea Mulheres, que reuni textos do escritor Uruguaio Eduardo Galeano. A obra compõe escritos de vários livros do autor, como a trilogia Memória do Fogo, O livro dos Abraços, Vagamundo, Palavras Andantes, Dias e Noites de Amor e Guerra, entre outros. Galeano autor do best seller As veias abertas da América Latina, faz uma homenagem carinhosa a mulheres ilustres e anônimas que ajudaram a construir a História das Américas.
O TEXTO
A MOÇA DA CICATRIZ NO QUEIXO
5 - Aqui ninguém encontrará você. Fica, até que as coisas mudem. - As coisas mudam sozinhas? - O que você vai fazer? A revolução? - Eu sou uma formiguinha. As formiguinhas não fazem as coisas tão grandes como a revolução ou a guerra. Levamos pedacinhos de folhas ou mensagens. Ajudamos um pouco. - Folhinhas, pode ser. Ficaram algumas plantas. - E algumas pessoas. - Sim: os velhos, os milicos, os presos e os loucos. - Não é bem assim. - Você não quer que seja bem assim. - Estive muito tempo fora. Longe. E agora...agora estou quase de volta. Pertinho, em frente. Sabe o que sinto? O que os bebezinhos sentem quando observam o dedão do pé e descobrem o mundo. - A realidade não se importa nem um pouco com o que você sente. - E vamos ficar chorando pelos cantos? - Seis vezes sete é quarenta e dois e não noventa e quatro, e você, furiosa grita: Quem é o filho da puta que anda mudando os numeros? - Mas...você pode me dizer como é que se acaba com uma ditadura? Com flechinhas de papel? - Com o que, eu não sei. - Daqui, se acaba uma ditadura? Por controle remoto? - Ah, sim. A heroína solitária busca a morte. Não, não é machismo pequeno Burguês. È feminismo. - E você? Pior. È egoísmo. - Ou covardia. Diga. - Não, não. - Diga, que sou enganador, desertor. - Você não entendeu. - È você que não entende. - Porque reage assim? - E você? - Eu já sei que você não precisa provar nada a você mesmo. Não seja bobo. - No entanto, você me disse que... - E você também me disse. Vamos começar outra vez? - Esta bem. Eu me expressei mal. - Desculpe-me. - Seria uma estupidez discutirmos nestes poucos dias que... - Sim. Nestes poucos dias. - Escuta. - O que? - Sabe de uma coisa? Estamos todos desamparados. - Sim. - Todos. Desamparados. - Sim. Mas eu te amo.

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