"Sim, nós podemos!"
(Obama, Presidente dos EUA)
José Benedito de Barros
Tendo em vista que sou um dos dezessete recém nomeados para compor o Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro - COMICIN de Limeira e também membro do "colégio eleitoral" que elegerá a próxima diretoria, venho perante a comunidade afro-limeirense e demais segmentos étnicos e sociais, manifestar-me nos termos seguintes.
No final da década de 70 e início da década de 80 a sociedade brasileira resolveu dar uma basta ao período de ditadura militar que dominava a cena política brasileira desde 1964. Os diversos segmentos sociais foram para as ruas reivindicando a redemocratizaçã o do país e o atendimento de demandas específicas. Com isso, além de um movimento político mais geral, cujo exemplo mais contundente foi o movimento DIRETAS JÁ, ressurgiram movimentos com feições próprias como o movimento sindical, de mulheres, dos sem terras, dos sem casa, dos índios, dos moradores e amigos de bairros, da juventude, dos NEGROS, dentre outros.
Em Limeira não foi diferente. A efervescência nacional teve reflexos locais, na luta por melhores salários, por melhoria de bairro, por um imposto justo (IPTU), por moradia, por terra, por liberdade e por igualdade racial.
Nos anos 80 surgiram alguns grupos afros em Limeira que tentaram dar uma resposta aos problemas do racismo e da discriminação. Cito apenas alguns a título de ilustração: os APNs, o GICNGA, o AXÉ, o ADEÓ... Não podemos esquecer do Grêmio Recreativo Limeirense, espaço de encontro da comunidade, que havia surgido em décadas anteriores. As bandeiras desses grupos foram se ampliando com o passar do tempo: da luta de resistência e por espaço na sociedade percebeu-se que era preciso lutar também por políticas públicas (ações afirmativas, cotas) e por símbolos nacionais (Feriado dedicado a Zumbi). Foram organizados diversos conselhos municipais para ser expressão política dos interesses da comunidade afro, sendo que em Limeira foi constituído o COMICIN no começo dos anos 90.
Avanços ocorreram: conquistamos mais espaço na gestão público, implementação de algumas políticas públicas, o Feriado de Zumbi (20 de Novembro) e diversas lideranças da comunidade ocupam cargos administrativos.
Mas há uma questão séria a ser resolvida: nosso papel enquanto movimento social na realidade atual. Os diversos grupos afros de Limeira que estão reorganizados hoje com alguns modificações de nomenclatura: pastoral afro, Odoyá, IEG e GINGA, ABANJA, Thulani, dentre outros, precisam repensar a si mesmos confrontando- se com a realidade e necessidades da comunidade. São necessidades: políticas, sociais, econômicas, culturais e ambientais.
Assim, creio que o COMICIN deve espelhar uma preocupação com a reformulação, com a reconstrução de bandeiras. Para que tal ocorra, temos que nos abrir uns com os outros e com os demais segmentos sociais.
Diante disso, creio que a eleição para a Diretoria do Comicin é uma oportunidade para fazermos mais uma tentativa de nos unir. Não vejo com bons olhos a confrontação de chapas num universo de participação tão restrito (17 pessoas), pois a maioria da comunidade afro e limeirense estarão de fora.
Conclamo a todos para um entendimento no sentido de formarmos uma diretoria de consenso que contemple as várias visões e propostas. Se assim o fizermos daremos um grande exemplo para nossa comunidade e para a sociedade e ganharemos energia para lutar pelas bandeiras que realmente interessam para nosso povo: a da igualdade, da liberdade e da solidariedade.
Para quem duvida eu quero lembrar as palavras do grande OBAMA:
SIM, NÓS PODEMOS!
José Benedito de Barros
Conselheiro do Comicin
Limeira/SP
19 (3477-1156; 9253-5103)
PS: Se tem uma questão que me incomoda, no COMICIN, é o fato da comunidade Negra não ter direito a voto, e sim um Colégio Eleitoral, formado por representantes de entidades, que não há certeza de seu funcionamento orgânico e real. Penso que um importante Conselho como este, deva ter o voto direto não só da comunidade, como da população como um todo. Sem Democracia é quase impossível, ter conquistas. Fico me perguntando, porque até agora, as instituições sérias não questionaram esta forma indireta de perpetuação no poder de uma "casta" da comunidade?.
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