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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

REDUÇÃO DA JORNADA PARA 40h JÁ

Redução da jornada de trabalho. Uma nova relação com o tempo. Entrevista especial com Ana Cláudia Cardoso Em ano eleitoral, a discussão em torno da redução da jornada de trabalho volta ao cenário nacional e, segundo a supervisora doDieese, “o Brasil tem condições e necessidade para aderir à redução da jornada de trabalho”. A socióloga informa que o ganho de produtividade adquirido na última década pode ser utilizado, neste momento, para reduzir a jornada de trabalho, sem redução de salários. “Se observarmos o período de 1988 – quando ocorreu a última redução da jornada de trabalho - até 2008, percebemos que houve um ganho de produtividade de 84%, ou seja, um ganho que não foi distribuído para os salários”.
Na entrevista que segue, concedida por telefone à IHU On-Line, Ana Cláudia frisa que a discussão em torno da redução da jornada de trabalho possibilita que todos tenham governabilidade de uma parte de seu tempo. “A redução da jornada faz com que as pessoas revejam seus valores. Não estou dizendo que esta medida tem unicamente o poder de transformar a realidade atual, mas ela possibilita a implementação de um processo de redução gradativa da jornada de trabalho para 40, 35, 30 horas. Ela nos ajuda a construir uma nova relação com o tempo de trabalho e tempo de não trabalho”.
Ana Cláudia Moreira Cardoso é graduada em Ciências Sociais e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo – USP. Também cursou o doutorado em Sociologia na USP e na Universidade de Paris 8, na França.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Como se configurou a construção social do tempo de trabalho até a concepção que temos nos dias atuais? Ana Cláudia Moreira Cardoso – Temos uma noção contemporânea de tempo de trabalho e de tempo de não trabalho – esses conceitos estão sempre juntos -, que é fruto do processo da Revolução Industrial. Se antes tínhamos um tempo de trabalho, onde os artesãos eram donos do seu tempo, no sentido de que a família toda trabalhava junta num determinado espaço e, portanto, definia aquele ambiente, a partir da Revolução Industrial, os trabalhadores vão perdendo seus meios de produção e a capacidade de gerir o seu próprio tempo. Antes da Revolução, existiam vários feriados católicos, as pessoas praticamente não trabalhavam no inverno ou quando estavam doentes. Com o processo da Revolução, isso foi mudando radicalmente e se passou a ter não só um espaço, como um tempo de trabalho determinado pelos trabalhadores e pelo empregador. Parece que o processo da Revolução Industrial foi simples, que os capitalistas implementaram um novo tempo de trabalho, e os trabalhadores aceitaram. Mas não foi nada disso. Como todo processo de construção social, ele implica em lutas longas, com resistência, argumentos e uso da violência. Foi um longo processo de disputa em torno do tempo, onde os trabalhadores continuavam a buscar uma liberdade de uso do seu tempo, e o capital foi demonstrando que, já que os operários não detinham os meios de produção, eles também não tinham mais liberdade sobre o seu próprio tempo. Podemos observar no livro de Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo, que não adiantava pagar pouco aos trabalhadores para obrigá-los a trabalharem todos os dias. Na realidade, era necessário refazer o processo de educação dos trabalhadores para que o trabalho passasse a ser visto como uma ética: a ética do trabalho. Então, passou-se a pagar muito pouco para que eles fossem à fábrica todos os dias e, assim, iniciou um processo de ressocialização.
Leia a Matéria na Integra aqui: http://ow.ly/19ON0 .

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