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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

SALÃO DE HUMOR DE PIRACICABA CORRE O RISCO DE NÃO ACONTECER ESTE ANO

AI DE TI, ZETTI, TEU HAITI É AQUI! Terremoto no Salão de Humor de Piracicaba Neste Natal, além de Panettone do Arruda, tivemos de engolir também o rocambole da Secretaria de Ação Cultural que resolveu por que resolveu botar a Zetti pra fora do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Sob o título “Ninguém é Insubstituível” o Jornal de Piracicaba em editorial criticou os artistas que ousaram manifestar sua indignação em matéria que, como há tempos não acontecia, mereceu capa do Caderno de Cultura. Ora, eu também acho que ninguém é insubstituível, muito menos a Secretária de Ação Cultural, Rosângela Camolesi, que a esta altura, pela repercussão negativa que sua atitude, autoritária, voluntariosa e antipática provocou no meio dos artistas e de muitos cidadãos piracicabanos, deveria acumular a função de Secretária de Reação Cultural do Município de Piracicaba. Digo mais, ninguém mesmo, nem o prefeito de Piracicaba, responsável pela nomeação de uma empresária no cargo de secretária de cultura, também está a salvo dessa insubstitutibilidade propalada no editorial. Isso é democracia! É bem provável que, o próximo prefeito, que deverá se eleger ainda este ano, faça um balanço sobre a importância desse evento que promove Piracicaba para o mundo como nenhum outro, incluindo aí a Festa das Nações, a Sintec e a Paixão de Cristo, reconsidere e reconduza nossa Maria Ivete Araújo Marcolino ao lugar de onde jamais deveria ter sido afastada, do venerado (muito imitado, mas nunca superado) Salão Internacional de Humor de Piracicaba. PRIVATIZAÇÃO DO SALÃO? DEU BRANCO! Foi aqui que vim a conhecer meus ídolos, e todas as gerações de artistas subseqüentes vieram a cultuar os novos ícones dessa linguagem que prioriza a liberdade de expressão, algo que nossa secretária de reação cultural decididamente não valoriza. Além disso, como aconteceu na minha primeira vinda ao salão, em 1975, quando a irmã da Zetti, Maria Araújo, dava as cartas, o que me encantou foi poder vivenciar esse carinho que a cidade dedicava a seus negros, até ontem escravos, e logo galgando posições de destaque na sociedade pro seus méritos e indiscutível simpatia. Foi a negra Maria Araújo quem me conquistou quando, de costas para a cascata no Mirante, e de peito aberto para mim, cantou os primeiros versos do hino de piracicaba, que até hoje me emociono em ouvir. Sempre é bom lembrar, como está registrado no livro da história dos 30 Anos do Salão de Piracicaba, que naquela época, nós artistas éramos muito malvistos por alguns senhores do partido verde – oliva. Mas não aqui, terra livre e cheia de encantos onde, com seu sotaque característico, corações e mentes se abriam e celebravam “...os cartunistas estão chegando!”. Aqui, pra minha surpresa, éramos bem quistos. Marcelo Batuíra ao reivindicar em seu editorial a propriedade do salão, sua titularidade, à prefeitura municipal, fez com que, mais uma vez, nós artistas fossemos mal vistos por estas paragens onde o peixe pára. Como se não bastasse, o próprio proprietário editorialista, em outro editorial intitulado “Ainda Uma Vez O Salão de Humor” aproveitou-se de uma fina ironia que proferi, ao dizer que o salão de humor havia sido “privatizado” na gestão tucana com o beneplácito do Jornal de Piracicaba, colocando-me como um sábio oráculo da privatização (s.i.c.), segundo ele solução para os problemas que o salão de humor enfrenta. Antes de qualquer coisa, é bom que se frise, minhas palavras foram distorcidas e utilizadas como propaganda enganosa, uma vez que é sabido, por todos que participam da organização do salão, que os grandes empresários de Piracicaba sempre se recusaram a chancelar o evento, por entendê-lo como um evento “político” e não cultural. Foi isso que ouvimos das empresas da região visitadas à véspera da edição do livro 30 Anos de Humor, do qual fui um dos organizadores. Assim se a própria iniciativa privada não apóia o salão de humor, qual a contribuição da privatização a esse evento? Outro argumento importante contra a privatização: o único salão que, ao longo de 36 anos, não furou, foi o nosso Salão Internacional de Humor de Piracicaba. E sabem qual a razão? Graças ao estatuto do salão, obrigando a participação da municipalidade através da secretaria de ação cultural, nunca ouve descontinuidade na organização do evento. Graças ao pinga-pinga ( e bota graça e pinga nisso) que, parte a prefeitura garante, outra parte o Minc, não o Carlos, o Ministério, quase sempre garante, é que não se ficou ao sabor dos interesses empresariais e ditames de mercado para a realização desse evento, coisa que não aconteceu com o Salão de Humor do Piauí, por exemplo, ou até mesmo com o Salão Carioca de Humor. O nosso foi o primeiro salão a vingar como evento regular, constante e, apesar de tantos outros seguirem seu exemplo, o único que nunca furou foi o de Piracicaba. Isso é um patrimônio que, junto com as obras dos artistas participantes ao longo destas décadas, não pode ser dilapidado pelo voluntarismo e intolerância de alguns detentores do poder. Esse sim, enquanto vivermos numa democracia, todo poder é passageiro. Paulo Caruso
Caricaturista e Cidadão Piracicabano

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