A Sanfona e Seu Danilo
Fim de tarde, a luz do sol só é visível no topo dos telhados e nas construções mais altas do bairro Vila Glória. Naquela rua, as trabalhadoras de uma fábrica de tecelagem começam a se despedir e seguem seus caminhos para a casa. O ônibus passa cheio de trabalhadores e o movimento dos carros é incessante. Enquanto o barulho da movimentação de pessoas está no seu agito mor, Seu Danilo arruma sua cadeira na varanda. A luz branca é perfeita para enxergar as notas mais altas ou baixas das partituras que seus dedos lêem. O varal para os papéis com as notações musicais já está pronto e nenhum vento naquele dia calmo pode atrapalhar a compreensão dos compassos e ele se entrega à música.
Apesar de as condições ajudarem, algo ainda o atrapalha. Hora com as pernas cruzadas, hora com os pés bem apoiados no chão, sua sanfona se movimenta para os lados e transforma notações em músicas, muitas vezes sertanejas. O problema são suas costas. Frente às outras limitações que ele comenta em conversas simples e calmas, este é o menor dos males. Essa dor só o impede de tocar seu instrumento em pé nas festas e igrejas onde costuma fazer parte da animação musical. Em casa ensaia sentado, aguenta o peso e a prática já reza a posição menos incômoda para o treino.
Tocar é sua paixão. O amor que sente pela música é o que não o deixa desistir e se entregar aos anos de dificuldade que já se passaram. Enquanto algumas pessoas reclamam da vida ou da monotonia da aposentadoria, Seu Danilo está sempre arranjando defeitos para consertar em sua casa e nos momentos em que não está se dedicando ao lar, senta e toca.
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