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domingo, 25 de abril de 2010

A POESIA ALEMÃ

A Berlim da poetisa Mascha Kaléko Por Viviane de Santana Paulo Fazia poucos anos que eu estava em Berlim. A mudança dos órgãos administrativos do Governo de Bonn para Berlim foi acontecendo lentamente durantes os anos posteriores à reunificação, em 1989. Em 2000 foi a vez da Embaixada do Brasil encaixotar as pastas e encher o caminhão de mudança em direção à nova capital para ocupar o atraente espaço à margem do Spree, do outro lado da famosa Alexanderplatz. Na época havia ainda muitos canteiros de obras espalhados pelo centro, congestionamentos, lixo nas ruas, barulho, desemprego, vandalismo, criminalidade. Reparei no considerável número de estrangeiros de diversas classes sociais e países (em Bonn a maioria dos estrangeiros fazia parte do corpo diplomático, era constituída de pessoas influentes com poder aquisitivo alto), em Berlim a parte majoritária de estrangeiros é constituída de proletariados, desempregados, muitos de procedência turca que nasceram na Alemanha, mas continuam sem a possibilidade de adquirir a cidadania alemã. Há dez anos a vida noturna da cidade fervilhava, como ainda é o caso atualmente: galerias internacionais de arte encontram imóveis por um valor acessível e inauguram novos espaços, assim como os artistas estabelecem seus ateliês em prédios semidecadentes e desvalorizados nos bairros ou ruas menos privilegiados que ainda não foram tomados pelas reformas açodadas da reunificação. Com a finalidade de captar determinados aspectos e encantos de Berlim, submetida a um certo afã em se transformar, o mais breve possível, em uma cidade só, que a princípio desorienta qualquer recém chegado, que uma amiga emprestou-me O caderno de estenografia lírica (Das lyrische Stenogrammheft), da autora Mascha Kaléko. Até então nunca tinha ouvido falar dela e foi uma bela surpresa conhecer a sua obra!
Mascha Kaléko é um dos nomes mais representativos da literatura alemã da década de trinta que, entretanto, vira-e-mexe, cai injustamente no esquecimento, pelo fato de ser uma das raras vozes femininas (como Rose Ausländer, Hilde Domin ou Gertrud Kolmar) em meio a vida literária predominantemente masculina e porque a ironia e simplicidade de seus versos são muito elogiados, mas no final este gênero dificilmente é levado a sério na Alemanha, tornando sua poesia inclassificável para os críticos. Outros nomes contemporâneos de sua época sobressaíram-se como Georg Heym, Elsa Lasker-Schuler, Gottfried Benn, Bertold Brecht, Alfred Döblin, Georg Trakl ou Franz Werfel, somente a partir da última década o nome Mascha Keléko começa a aparecer nas antologias e enciclopédias mais importantes da literatura alemã. Leia mais aqui: http://ow.ly/1CNZp .

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