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sexta-feira, 30 de abril de 2010

IMPRENSA DECENTE

Anos de luta pela informação No seu 13º aniversário, Caros Amigos respira coerência Por Renato Pompeu Mesmo sem contar há dois anos com o dinamismo de Sérgio de Souza, seu criador e esteio de sempre – falecido prematuramente –, a revista Caros Amigos mantém a postura idealizada por ele. Ao completar 13 anos desde o seu lançamento – longevidade raramente alcançada por periódicos independentes – a revista procura manter o padrão que a consagrou e que a caracteriza no meio jornalístico. O diretor geral Wagner Nabuco, responsável pelas áreas administrativa, comercial e editorial da Caros Amigos, que se ligou à revista como sócio cinco meses após o primeiro número de abril de 1997, em setembro daquele ano, destaca o papel importante que a revista representa desde o seu início, de ser um contraponto ao conservadorismo que predomina na mídia brasileira. A revista começou com um grupo de amigos, que incluía jornalistas, publicitários, profissionais liberais, profissionais da comunicação, que discutiam como criar um veículo que se contrapusesse ao jornalismo predominante naquela época, e ainda hoje, não só em termos de conteúdo mais questionador e mais crítico, progressista, mas também em outros aspectos. Queriam a volta do texto de qualidade e o cultivo dos aspectos artísticos da forma gráfica da revista, numa época em que a mídia grande promovia o modelo da revista alemã Focus e do jornal americano USA Today, com seus textos tatibitates e suas ilustrações cheias de cores e vazias de ideias. Alguns nomes desse grupo, além de Sérgio de Souza, eram os dos jornalistas Alberto Dines, Juca Kfouri, José Carlos Marão, Roberto Freire, Mylton Severiano, Francisco Vasconcelos, João de Barros, Sérgio Pinto de Almeida, Oswaldo Luiz Vita (conhecido como Colibri), do jornalista e editor João Noro, do publicitário Oscar Colluci, do executivo de marketing Jorge Luís Brólio. Montaram a Editora Casa Amarela, que conseguiu recursos para fazer o novo lançamento ao prestar serviços editoriais para o Banco Francês e Brasileiro e para a Accor (Ticket-Restaurante). Com produtos editoriais para esses dois grandes clientes, foram obtidos os fundos necessários ao pesado investimento necessário a um projeto editorial desse porte. A revista foi lançada em abril de 1997, sempre sob a liderança de Sérgio de Souza, com a capa tendo como tema uma entrevista com Juca Kfouri, e foi um sucesso de bancas, em relação ao tamanho do projeto, e ao inusitado da fórmula – um formato desconhecido, papel offset, impressão preto e branco inclusive na capa, no primeiro momento –, tendo vendido perto de 20 mil exemplares. Êxito nas bancas, a revista porém não tinha assinaturas e anúncios. Ainda no primeiro mês, a jornalista Marina Amaral, colaboradora da revista, convidou Wagner Nabuco, que tinha sido diretor de marketing da Veja e tinha o sonho de fundar uma publicação – “eu era um revisteiro apaixonado”, lembra ele – para reunir-se com Sérgio de Souza e João Noro, principais responsáveis pela execução do projeto da Caros Amigos. Do encontro participaram também Roberto Freire, Jorge Luís Brólio e Frederico Vasconcelos, que com Sérgio de Souza e João Noro formavam a sociedade que editava a revista. “Fizemos um acordo, entrei como sócio em setembro e a partir de janeiro de 1998 começamos a implantar o projeto de assinaturas”, diz Wagner Nabuco. A carteira de assinantes cresceu muito durante os três anos seguintes, o que facilitou muito o financiamento do projeto. Mas no último trimestre de 1998, as grandes fontes de verbas da revista, o Banco Francês e Brasileiro e a Accor, deixaram de comprar os serviços da editora. A revista tinha poucos anúncios e desde então enfrenta dificuldades, mas as venceu e continua vencendo por causa de esforços denodados. “Sem a ajuda de muitos jornalistas, ilustradores, fotógrafos e amigos solidários que são colaboradores com textos e ilustrações sem receber pagamento, e sem o empenho entranhado das equipes internas, das muitas pessoas que trabalharam para a revista, e fundamentalmente sem o apoio dos nossos leitores, o projeto não teria sobrevivido”, afirma Wagner Nabuco. Ele destaca como momentos mais importantes da trajetória da revista o lançamento, a capa no terceiro aniversário sobre o filho fora do casamento de Fernando Henrique Cardoso (a maior venda da revista), a capa sobre o apagão de força e luz durante o governo FHC, uma matéria sobre a repressão da Polícia do Paraná contra militantes do MST (que deu à revista o seu primeiro Prêmio Vladimir Herzog), as entrevistas de ano Brown, Chico Buarque, Tom Zé, Lula e a filósofa Marilena Chauí. Wagner Nabuco aponta essas cinco entrevistas como “paradigmáticas da nossa história”. Continua: “Muitos previram o nosso fim nos primeiros seis meses e um ano. Mas, 13 anos depois, estamos aqui. Provamos que é possível e necessária uma plataforma de produção de conteúdo que consiga reunir a imensa criatividade, diversidade e talentos de jornalistas, escritores, artistas, pensadores, militantes, sindicalistas, que seja um lugar onde possam convergir os democratas e progressistas. E que há uma demanda por uma cultura de qualidade. Entregamos cultura seja no meio impresso, seja em meios digitais, audiovisuais, o que for, inclusive em livros impressos tradicionais. Se um dia houver chip nas cabeças, alguém tem de enviar conteúdo decente para esses chips”. Renato Pompeu é jornalista e escritor Para ler a reportagem completa e outras matérias confira a edição de abril da revista Caros Amigos, já nas bancas, ou clique aqui e compre a versão digital da Caros Amigos.

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