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segunda-feira, 8 de março de 2010

CAIM VERSUS DEUS

Deus, como Saramago rompe as barreiras do dogmatismo religioso, do crer sem ver?. Deus, ora para o escritor Nobel de Literatura, não existe Deus. O ser supremo e poderoso, é invenção maquiavélica do ser humano, concluo das obras de José Saramago. Deus seria um propósito dos homens para culpabilizar as agruras, maldades e misérias do mundo. Ou ainda um argumento, para justificar fraquezas e intenções demoníacas. Demônio inclusive que segundo os escritos do mestre do realismo mágico e da literatura política, também é uma invencionice humano-divina. Em CAIM o ultimo romance de Saramago, tudo o que Cristãos e não cristãos, mas crentes de outras fés, venham a defender, não só cai por terra, como é destroçada pelo escritor. A ficção (reflexão), parte da lenda(ou não), de Caim e Abel, filhos dos primeiros pecadores da humanidade, segundo preceitos religiosos, Adão e Eva. Caim mata Abel, por ciúmes e inveja. Saramago cria um Caim que ao se sentir preterido, mata o irmão, mas nutre por Deus um sentimento de ser o próprio todo poderoso, responsável pelo assassinato. E aí corre o personagem ao longo da H(e)stória bíblica, a observar os acontecimentos, entre eles, Sodoma e Gomorra, o bezerro de ouro de Moisés, a casa de Jô e o quase assassinato de Isaac por seu pai Abraão. Como se fosse um repórter destes episódios, Caim cuja testa tinha uma marca feita por Deus, e que era sua segurança de que não seria morto por ninguém, passa o tempo todo questionando as atitudes do "criador". Como pode, diz Caim, um Deus promover e permitir matanças e guerras por motivos mesquinhos e pequenos, ou servir-se de botins de guerra, para enriquecimento dele e de seus seguidores?. Como pode o senhor misericordioso, manipular as pessoas para atingir seus objetivos? Que Deus é esse que mente e massifica a idéia de sacrifícios e martírios, a custa de recompensa no paraíso celeste ou fortunas no campo terreno?. No capitulo final, a surpresa: a criatura vence o criador, a criatura demonstra tem maior inteligência que seu progenitor. Leio José Saramago desde os anos noventa. Sou seu fã de carteirinha ou não. Mas confesso, sempre me é muito difícil le-lo. Primeiro porque sua obra é escrita no Português Europeu e aí demora-se um pouco para entende-lo. Segundo o ateísmo, é solto na narrativa e muitas vezes coloca em xeque com absoluta razão, tudo o que se acredita desde a existência humana. Tratando-se de Deus e a compreensão que se tem dele, a religião e somente ela é capaz de roteirizar uma concepção. È certo que como diz o escritor português, a Bíblia é um livro, onde assassinatos, massacres, golpes, manipulações, a exploração do ser humano por outro, a disseminação de preconceitos, é feito tudo em nome de Deus. È claro levar ao pé da letra, não entender o contexto em que o livro foi escrito, não pode ser relevado. Porém não se pode negar que os textos Bíblicos são utilizados para saciar conveniências políticas e pessoais. Outro dia um camarada destas seitas fundamentalistas, jurou de pés juntos que Deus condena o Homossexualismo, que coisa tal é demoníaca, e que tudo esta na Bíblia. Gozado, em varias sociedades narradas no livro, era abertamente praticado o Homossexualismo e não vi nenhuma condenação divina por conta desta opção nos escritos. È fato que na interpretação religiosa Sodoma e Gomorra, cairão por luxuria, inclusive sexual. Mas é uma interpretação. Saramago condena mais uma vez o simbólico capitalista e explorador. O Deus que Caim enfrenta no romance, é a fabricação do Patrão, do senhor feudal, de escravos, do empresário globalizado e Neo Liberal. E rola solta a idéia de controlar corações e mentes, para assim conquistar territórios e riquezas. Controlar vontades, interesses, reivindicações. Este Deus do K, é um ser vingativo, mesquinho, egoísta. Este não é o meu Deus. Ao contrario do extraordinário José Saramago tenho na fé o motivo da existência. Portanto acreditar é ter esperança. E acredito na vida eterna. Pois não há sentido uma luta por felicidade (não há do dinheiro/mercado), se pós morte não se ter seqüência. Este acreditar também só é possível, se Deus realmente for de misericórdia, combate das injustiças e não seu patrocinador. Um Deus face dos pobre e excluídos e não um borra botas, que faz vistas grossas para as maldades do ser humano. Caim faz pensar. Pra mim não muda minha crença em Deus, mas aumenta minha certeza de que Deus é Amor, Justiça, Solidariedade e é exclusivo dos pobres.

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