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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DEBATE CULTURA

A cultura está no centro das disputas do capitalismo contemporâneo Minha tia me ligou me dizendo que estou de má vontade com a nova ministra da cultura, a Ana de Hollanda. Não é verdade. Estou atento, disse para ela. Eu efetivamente ouvi o que ministra disse em seu discurso de posse e nesse discurso ela se colocou muito distante da dimensão necessariamente política e inclusiva que tem a cultura no momento. Fazer da cultura um agente da democracia é o legado do governo Lula. Alguns pontos podem ser destacas no discurso da Ministra. A centralidade da arte e não da cultura. O risco de colocar a arte em primeiro plano está em se enfatizar o produto do artista, transformando o ministério da cultura em um produtor de espetáculos ou em um distribuidor de “cultura”. Uma grande Funarte, como disse o Belisards no twitter. Ao centrar o ministério na arte há o risco de nos distanciarmos da noção de cultura que o Gil forjara já em seu discurso de posse, em 2003: “Cultura como tudo aquilo que, no uso de qualquer coisa, se manifesta para além do mero valor de uso. Cultura como aquilo que, em cada objeto que produzimos, transcende o meramente técnico. Cultura como usina de símbolos de um povo. Cultura como conjunto de signos de cada comunidade e de toda a nação. Cultura como o sentido de nossos atos, a soma de nossos gestos, o senso de nossos jeitos.” Para mim cultura é isso. Um ministério tem o dever de possibilitar a plenitude da produção e da invenção cultural de um povo. Isso passa pela democratização das possibilidades sensíveis. O trabalhador que passa 4 horas no ônibus não passa a ter acesso à "cultura" porque agora tem um vale-cultura. O que não quer dizer que o vale-cultura não seja importante. A cultura deveria assim ser um ministério transversal a todo o governo, estar na mesa em todas as negociações centrais. Como pensar o desenvolvimento, a ciência e a tecnologia, a educação e a economia se o direito à plenitude do que pode, estética e sensivelmente, uma comunidade não é parte do problema. É por isso que quando a nossa ministra finaliza o discurso dizendo que não há arte sem artista, eu fico preocupado. De maneira abrupta diria: sim, há arte sem artista, mas, mais importante que isso, há cultura para além da arte. Leia matéria na integra aqui: http://ow.ly/3ywBw .

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