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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

REFLEXÃO

LUGAR COMUM Um homem declara as câmeras de TV: "Perdi toda a minha família. Esposa, filhos, pai, mãe, irmãos. Mas não sossegarei enquanto não encontrar os corpos, sei que estão mortos, mas não podem ir sem um enterro digno e as minhas despedidas". Estas palavras as ouvi de um dos sobreviventes da tragédia da região serrana do Rio de Janeiro. O que me chamou á atenção não foi o sofrimento pela perda de seus entes queridos, mas a possibilidade de não lhes dar um velório e um enterro digno. No Brasil e no restante do mundo, a tradição de enterros antecedidos por funerais familiares, transcende religiões, até agnósticos e ateus, professam deste costume. Os que acreditam em vida eterna, tem neste hábito, o preparar a alma para uma nova vida. O que mais se escuta, destes segmentos, é que o falecido descansou e viverá em plena felicidade. E assim rezas e rituais, são realizados no decorrer dos funerárias. A culturas que o corpo leva semanas para ser enterrado, pois se tem necessidade de prestar homenagens e se acostumar com a ausência. O simbolismo de um enterro, completa-se com o local do mesmo. Nas culturas ocidentais o corpo é depositado em valas no chão, onde o morto é colocado em um caixão (medida higiênica), que representa a cama, da nova morada. Túmulos de concreto, são erguidos. Alguns verdadeiras obras primas, que contam a História de uma cidade, e de um povo. Cemitérios em muitos lugares são patrimônios culturais e turístico, bem como fonte de pesquisas de acadêmicos. Esta cultura popular, que as formas depende de cada povo, cada País, é as vezes desrespeitada. Primeiro nascer e viver, em uma sociedade capitalista, custam muito e levam inclusive a mortes precoces, por fome e miséria, tal como doenças derivadas de uma vida ditada pelo mercado econômico, que divide em classes sociais. Morrer então, deveria ser uma dádiva para quem sacrificou-se em vida, e claro para os vivos de sua família. Mas ao contrario é muito caro preservar uma simbologia afetiva. Um pedaço de terra com uma metragem de 1.5 por 2.5, custa em torno de 4,5 mil reais. À fábrica da morte, representada por funerárias que detem concessão estatal, enriquece seu patrimônio todo o santo dia, e a contrapartida é quase zero. Segundo á situações que as famílias sequer tem o direito á um ultimo adeus. No documentário "Vala Comum", do diretor João Godoy, retrata a descoberta no cemitério de Perus em São Paulo, de varias valas clandestinas, que ao serem investigadas pela então Prefeita Luiza Erundina, constatou-se ser de militantes políticos mortos pela ditadura militar. São centenas de meninos e meninas que ousaram lutar por liberdade e foram torturados e mortos, e jogados como indigentes no então recém cemitério criado pelo Governador Paulo Maluf na década de 70. Somente com a abertura das valas, as famílias puderam iniciar um longo processo para identificação e liberação dos corpos, para assim enterrar com dignidade seus amados. Até hoje ainda há corpos sem reconhecimento ou que não foram ainda encontrados. Neste caso o falecido Senador Romeu Tuma, estava sendo processado por ocultação de cadáveres, haja vista ser o mesmo delegado do DOPS. Graças a Deus a Câmara Municipal de Limeira, teve o bom senso em 2010 de não conceder titulo de cidadão, á um suspeito de assassinato. Cultuar tradições é sem dúvida, garantir a identidade cultural de um povo, respeitar as crenças e diferenças. Ir para uma vala , é certeza de que nossa História será lembrada por gerações.

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