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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

HISTÓRIA CULTURAL

Paulo Rodrigues, o Homem que desafiou o poder O Grupo Banzo, encabeçado pelo pesquisador falecido em novembro de 2008, Paulo Rodrigues, surgiu oficialmente no ano de 1976 com um propósito Sócio-Cultural. A primeira experiência oficial do grupo foi com a criação de um movimento de interação cultural que unia dança, teatro e música. A sede do movimento foi instalada na avenida 2 com a rua 6 e denominada de Centro Experimental de Artes(CEA). A primeira peça teatral apresentada pela interação cultural foi "Sarapalha", adaptação do conto de João Guimarães Rosa, que tinha como participantes Milton Machado Luz, José Roberto Santana e foi dirigida por Paulo. Posteriormente, em função de problemas internos, o projeto acabou. No entanto, o Grupo Banzo já existia oficialmente e não foi desfeito com o fim do CEA. Outras áreas interessavam os garotos revolucionários. Entre elas, a história do Negro, Meio Ambiente, Patrimônio Público, Cultura e Políticas de participação popular. Em cada área de atuação somavam-se membros, ou seja, não existia uma única formação. Muitos participaram do Banzo no decorrer de sua existência. Vale lembrar a participação do fotógrafo José Roberto Melato, do professor de capoeira André Ribeiro, de Tuti Destro e do jornalista J.R. Santana, entre outros. Após as divergências com o movimento de interação, o Grupo Banzo se instalou no Jardim Público ao lado do Anjo da Concórdia para dar continuidade ao trabalho. A primeira ação do grupo no local foi a lavagem performática dos Monumentos para contar a história de cada um deles e esclarecer aos transeuntes sobre os problemas vividos naquele período. A Revista Veja publicou uma matéria sobre o ato e transmitiu toda a história a partir da ótica dos políticos locais que viam no coletivo um movimento anárquico ou comunista. Muitos foram os trabalhos desenvolvidos pela trupe. E tudo estava interligado. A partir de 1982, Paulo Rodrigues passou a registrar todos os eventos da cidade sobre Meio Ambiente, Artes, Política, Música, Dança, Folclore e outros. "Eu comecei a ser o mais notado porque eu tinha uma câmera e filmava tudo", afirmou Paulo em entrevista ao Jornal O Beta. O mentor e guru de várias gerações rio-clarenses, Paulo Rodrigues, sempre deixou exposto o seu amor por Rio Claro. E todas as suas ações a frente do grupo foi, segundo ele, com o objetivo de conhecer os processos históricos passados para tentar entender os desvios e tentar corrigir o presente. "Você não pode somente estudar o poder, tem que estudar o povo. O processo se dá na contradição das relações" afirmou. O Grupo Banzo representa para Rio Claro a contemporaneidade e propuseram com meios adequado, além da estética artística inovadora, a verdadeira democracia popular. Infelizmente o poder público sempre se fez de desentendido ou por simples questão de hierarquia deixou de utilizar as ideias para o bem população. A última ação do Banzo, representado apenas por Paulo, foi disponibilizar no YouTube (http://www.youtube.com/grupobanzo ) os registro audiovisuais que realizou de 1986 a 1998. A origem do Nome O nome Banzo foi escolhido devido a uma pesquisa que Paulo Rodrigues desenvolvia sobre a História do Negro em Rio Claro. Ele descobriu um livro nos Arquivos da Prefeitura que registrava um grande número de escravos enforcados. Estes escravos se enforcavam por causa do Banzo, ou seja, quando o Negro percebia a violência do branco com relação a sua identidade ele tinha duas opções: entrar em depressão profunda e morrer por inanição ou lutar. Como afirmou Paulo, o Grupo Banzo havia optado por resgatar a identidade de um povo e lutar. Momento Histórico O Brasil passava por um processo histórico que culminou em uma ascensão cultural. Após a criação do Ginásio Vocacional em Rio Claro, que segundo o DOPS, formava anarquistas, a cidade começou a mudar. Paulo Rodrigues disse que o grande responsável por seu interesse em arte, democracia e política foi o Vocacional. Outro evento marcante ocorreu quando o grupo vanguardista norte americano de teatro Living Theatre, capitaneado por Judith Malina e Julian Beck, fizeram uma apresentação em plena ditadura na praça central de Rio Claro em 1970, o que motivou diversas manifestações nos jovens. Em contrapartida aos movimentos externos que por aqui passavam, Rio Claro abriu as portas para novas ideais. Entre eles, vale ressaltar a criação do Jornal Momento, editado pelo cineasta Roberto Palmari, o surgimento de Escritores como Jaime Leitão e as curas de Florideu Gervásio. Rio Claro viveu intensamente o que se vivia em grandes capitais, tanto em questões políticas como estéticas. Fonte: Jornal O Beta, n. 4 - Julho de 2007, Jornal Folha Solta - Agosto de 1986 e Depoimentos de Paulo Rodrigues sobre a história do Grupo Banzo aos membros da geração Beta, que durou de 2005 a 2008. Esse texto é parte de uma publicação de quatro páginas fotocopiadas denominada "Grupo Banzo - O último combatente". O trabalho foi produzido e publicado pela Fudidos & Malpagos (Grupo Auê) e foram distribuídas três mil e quinhentas cópias em diversas partes da cidade na semana posterior a morte de Paulo Rodrigues. Lourenço Favari Revista Cineminha www.revistacineminha.wordpress.com twitter.com/cineminha_ twitter.com/LourencoFavari

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