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quarta-feira, 29 de julho de 2009

VIDA CULTURAL EM ARAÇATUBA NOS ANOS 80/CAP. 4

Cine-olho no furacão da manada
VALDIR CALIXTO passou a vencer diversos festivais de música popular brasileira em regiões próximas e distantes de Araçatuba. Em seus shows, não deixava de apresentar alguma composição de EDSON JOSÉ DA SILVA, ou então, musicava poemas de JOSÉ LAÉRCIO VERZA, sempre com uma postura cinematográfica, densa e ágil. Alguns de nossos amigos começaram a projetar uma área de atuação em cidades mais próxinas, em busca de amizades e novas experiências. Viajar é preciso. Em Birigui, por exemplo , conhecemos artistas como o AUGUSTO FIORIN (um poeta ruivo,guitarrista e compositor) que se destacava pelo estilo beat de escrever, sendo alguns anos mais jovem que eu e outros artistas de Araçatuba; AUGUSTO estava lendo RIMBAUD, JOYCE, BLAKE...a prosa poética de AUGUSTO me impressionou, pela alegria, espontaneidade, seu fraseado livre,cinematográfico, obsceno, visceral; não havia nada parecido por aqui, exceto o brilhantismo das letras do EDSON, que adotava o pseudônimo de "Àfrica",simplesmente. Na época, pelo BRASIL a fora falava-se muito em CAZUZA como algo delirantemente pop,enquanto o AUGUSTO me dizia que para quem havia tomado contato com a literatura de RIMBAUD, o CAZUZA representava pouco. Aliás, em meados dos anos 80, mais significativo que ouvir e ver CAZUZA era curtir ITAMAR ASSUMPÇÃO, ARRIGO BARNABÉ, TOM ZÉ, EGBERTO GISMONTE, HERMETO PASCOAL, TETE ESPÍNDOLA, RUMO, JORGE MAUTNER, FAGNER,OS MULHERES NEGRAS, ELOMAR,LULI E LUCINA, VIOLETA DE OUTONO,CÓLERA,AGUILAR E BANDA PERFORMÁTICA,INOCENTES ULTRAJE A RIGOR etc... Na década de 80 ,Araçatuba era um cidade que se expandia,era conhecida como a "cidade do boi gordo", mas era também uma cidade de artistas inquietos, guiados pelo olhar cinematográfico da ambição,da cultura underground, cine-olho no furacão da manada;a praça RUI BARBOSA (Foto) era o point das grandes negociações comerciais e paqueras, e atraia a moçada de municípios pequenos para os bares e cinemas.MARCELINO DUARTE me conta que na fonte da praça RUI BARBOSA havia além do efeito colorido das luzes, a audição de música. Era possível frequentar cinemas muito bons: CINE SÃO JOÃO, CINE PEDUTTI, CINE BANDEIRANTES, E PARAÍSO. Lembro-me de ver alguns deles completamente lotados quando 'THE WALL,o FILME" foi exibido. Infelizmente, os cinemas transformaram-se em estacionamentos para carros. Com o surgimento da fita-vídeo, os cinemas foram sendo esquecidos. Não para nós, porque assitir filmes em tela de cinema sempre foi uma aventura singular e incomparável. A sedução do sonho,a dimensão da tela, uma arte plural. MARCELINO DUARTE é cinéfilo, contribuia com idéias e poética visual sobre nossa formação cultural. Apareceu certa vez com uma edição preciosa de um livro, no qual TRUFFAUT entrevistava ALFRED HITCHCOCK. Estávamos rompendo a rotina do ritmo boiadeiro.
Everi Rudinei Carrara- Blogueiro e Poeta

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