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domingo, 19 de julho de 2009

ENTREVISTA- MARCOS LIMA

O ARTISTA VAI ONDE O POVO ESTA A Arte não pode estar descolada da sociedade. Qualquer obra, necessita não só falar do universo em que se vive, como ser uma fonte para construir cidadania e preservar tradições de um povo. O artista que não segue este preceito é constantemente levado pelo Deus Mercado e as ilusões do Show Business. Foi por conta desta concepção, que fiz esta Entrevista. Conheci o Percussionista, formado em Administração de Empresas, Marco Lima, no II FESTIAFRO em 2006, apesar de ser vizinho dele. Não só conheci o maravilhoso som que ele tira de alfaias, tambores, e outros instrumentos, como o seu Projeto que originou a Banda Toc Percussivo. De forma discreta, se propôs desde 2002, ensinar de graça a arte Africana e Brasileira do Batuque, á crianças pobres da periferia. Tudo isto, sem nenhum apoio institucional ou privado. È um Bandeirante da cultura, toca no mundo alternativo e não da nenhuma bola pro vil metal. Hoje é Presidente da recém criada ACARTE- Associação Cultural dos Artistas e Técnicos de Limeira- uma de suas iniciativas, provando que acredita ser a organização dos trabalhadores, a única forma de conquista de melhores condições de vida. O conteúdo da Entrevista é uma delicia, tenho certeza que os leitores do Blog vão concordar comigo. Marco Lima é destes Heróis anônimos que salvam vidas, sem querer recompensas. Sua arma é a Música. 1. Qual sua satisfação com o Projeto Toc Percussivo? A grande satisfação não é ver as crianças entrando no Projeto e sim saindo do Projeto. Nosso intuito é ensinar a tocar percussão e vê-los por aí participando em bandas e se dedicando á arte musical. De vez em quando encontro alguns deles pelos festivais de música, convidados por músicos experientes e realizando seus trabalhos com competência. Alguns até já dão aulas. Deste projeto, surgiu a Banda Toc Percussivo na qual hoje participam 3 garotas que começaram com 6 e 8 anos de idade: Fernanda Cordaço 6, Rafaela Cordaço 8 e Laís Andrade 8, que hoje estão com 13 e 15 anos. São meu orgulho! Outro orgulho foi a honra do Toc ter participado da Virada Cultural Paulista 2009. 2. Como ele teve inicio e o que motivou sua criação? O Projeto Toc Percussivo teve início em 2002 na Igreja São Francisco de Assis, no Jd. Independência. Fui convidado pelo ator Manoel Andrade a dar aulas de música para as crianças desta comunidade. No início éramos: Eu e Isabel Andréa (Professora de musicalização Infantil, hoje trabalhando na Secretaria da Cultura da Praia Grande – S.P.). Começamos com 12 crianças desta comunidade e depois de 06 meses abrimos vagas para mais 15 crianças dos Jardins Morro Branco e Abílio Pedro. Funcionou assim durante 05 anos. Hoje o projeto funciona de forma diferente. Temos feito parcerias com a Secretaria da Educação e de Cultura e levamos este projeto para Escolas Municipais na forma de oficinas de Rítmos para despertar na criançada o gosto pela música regional e folclórica. 3. Quem se apaixonou primeiro, você pela Percussão ou ela por você? Quando este casamento teve inicio e o porque do interesse? Na verdade eu creio que não foi paixão e nem houve casamento. Somos “Siameses”, nascemos grudados. Creio que já nasci batucando no meu berço (risos). Sempre tive interesse por sons desde que me conheço por gente. Meu pai é músico “tocador de músicas de raiz” e desde criança na minha casa sempre teve visita de músicos. Minha primeira participação em uma Banda foi aos 12 anos de idade. Era uma banda da Comunidade de Jovens da Igreja São Benedito. Já nessa época participávamos de Festivais de músicas pelo Estado de São Paulo. A partir daí não parei mais. Já são 31 anos de música. Nooosssaaa como o tempo passa! (risos).. 4. O que é largar a profissão de Administrador de Empresas, para seguir o caminho da Música? Bom.. Na verdade eu não abandonei a profissão de Administrador de Empresas. Eu ainda administro várias Empresas: Minha Banda Toc Percussivo, Minha Lutheria de Instrumentos de Percussão, A Associação Cultural dos Artistas e Técnicos de Limeira, o Projeto Toc Percussivo e minhas Oficinas de Artes. Quando comecei, a música era uma atividade paralela, hoje tenho o privilégio de fazer da Arte minha principal atividade. 5. Quais são suas influências Musicais? Minhas influências musicais são muitas: Primeiro as músicas de raiz que me acompanharam na infância, depois como todo garoto rebelde ouvi muito as grandes Bandas de Rock dos anos 60 a 80. A partir dos nos 80 comecei a tocar MPB, mas as grandes influências que carrego hoje, vieram mesmo das experiências em Festivais de Música. Este meio musical é o celeiro dos maiores músicos do Brasil. Foi nestes Festivais que conheci as músicas regionais e tive a oportunidade de ouvir e de tocar com grandes interpretes e grandes músicos. Hoje a Banda Toc Percussivo é um pouco de tudo isso, além de Antonio Nóbrega, Nação Zumbi, Ânima, Cordel do Fogo Encantado etc. 6. È verdade que você é um artesão? Como é isto? O que você produz? Sim.. Mas quem te contou ? (risos) Bom... eu crio os meus próprios instrumentos percussivos, faço esculturas com talheres, faço trabalhos com aramados, entre outras coisinhas..Na verdade eu gosto mesmo é de estar produzindo arte. É um vício que tenho! Faço muitas coisas com sucatas e sementes. Dificilmente jogo coisas no lixo. Tenho um espaço na minha casa onde tem de tudo um pouco (risos)... Minha sorte é a minha adorada esposa ainda não ter me jogado no lixo .. (risos) 7. Alem do Toc, onde mais você toca? Hoje eu me dedico além do Toc Percussivo á Banda Avena, dou aulas de música pela Escola Popular de Música de Limeira, dou aulas particulares, faço Oficinas de Rítmos pela Secretaria do Estado e ás vezes toco na noite com alguns músicos Limeirenses. 8. Toca por prazer ou por sobrevivência? Sempre toquei por prazer e com muito prazer. É claro que toda arte tem que ter sua recompensa monetária para poder se manter, mas a remuneração é sempre um segundo plano. Sou como o Oswaldo Montenegro conta também em uma entrevista que vi. Não sou muito bom em cobrar pelos meus trabalhos artísticos, vou muito pela emoção de produzir e subir em um palco. Muitos dos meus trabalhos faço de forma gratuita ou cobro o mínimo necessário para a manutenção e se ficarem me devendo, tenho dificuldade em cobrar. 9. Quer ser famoso ou contribuir para tirar uma criança das ruas? Famoso? Não sei.. Mas ter o trabalho reconhecido é muito bom. É por isso que fazemos ARTE. Não há nada mais prazeroso do que você estar em um palco e receber os aplausos pelo trabalho realizado. Isso é o nosso combustível. Tirar as crianças da rua é uma tarefa que não depende só da nossa vontade. Depende também de apoio financeiro para você manter um Projeto. Ser voluntário é mais do que doar tempo e dedicação. A gente muitas vezes tira dinheiro do bolso pra manter um projeto voluntário. O que já fiz muito! Hoje procuro elaborar projetos em parceria com o Estado e Município para viabilizar esse tipo de atividade. 10. Como você vê as políticas públicas na área Cultural em Limeira? Nosso grande problema é que a política pública cultural não é constante. Temos grandes épocas de atividades culturais durante os tempos de “vacas gordas”, mas é só o mercado financeiro “balançar” e cadê as atividades culturais? Cadê o investimento nas crianças? A cultura é uma das primeiras a ser afetada no orçamento anual em tempo de crise. Depois de um tempo vem todo mundo correndo atrás do prejuízo, com os discursos: “Vamos acabar com os pichadores!”, “Vamos tirar as crianças da rua!”, “Vamos ensinar música nos presídios!” e etc. etc etc. Como se nós artistas fossemos mágicos ou a fórmula da salvação. 11. O Artista pode ter engajamento político e social? O artista por si só, mesmo sem saber já é um agente político e social. Muitos não querem assumir um lado politizado, mas isso é extremamente necessário. Ser politizado não quer dizer ser político e sim saber expressar suas idéias e ideais, cobrar pelas necessidades pelas quais acredita, independente de partido político e contribuir para o meio em que vive. 12. Como vê a classe artística na cidade? A classe artística de Limeira é super dividida. Muitos nem se conhecem e não tem o costume de se unirem. Há três meses, nós artistas de Limeira vimos nos reunindo para discutir o assunto e há um mês fundamos a “ACARTE” Associação Cultural dos Artistas e Técnicos de Limeira na qual fui eleito Presidente. Estamos procurando reverter este quadro e lutar por melhores oportunidades, além de contribuir para a formação e bem estar da classe artística de Limeira. 13. Quais os projetos para o futuro?. Estou tentando viabilizar alguns projetos Culturais, tentando patrocínio para gravar o CD da Banda Toc Percussivo, buscando espaços para shows, quero também buscar fortalecer a classe artística de Limeira através da ACARTE, pela qual tenho o sonho de uma sede própria com espaço para apresentações culturais e prosseguir com minha luta em prol da cultura. Para encerrar, gostaria muito de agradecer ao meu grande amigo Janjão, pelo convite, pela oportunidade de poder falar mais um pouco sobre minhas atividades e pelo carinho para com o meu trabalho e do Toc Percussivo. Grande abraço a todos vocês e até uma próxima oportunidade. Abaixo a Agenda de atividades deste Fantástico Artista e do Projeto Toc Percussivo: Agenda de Shows do Toc Percussivo: Dia 09 de Agosto Participação no Teatro Vitória do Encontro de Artistas Limeirenses. Dias 20 e 21 de Agosto Show em Cosmópolis Dia 22 de Agosto na Festa do Morango em Limeira Agenda Pessoal: Oficina de Construção de Instrumentos na Praia Grande – S.P. dias 16, 17 e 18 de Julho Oficina de Sonoplastia Teatral nos dias 13/9 A 18/10 em Mogi Mirim CONTATOS NA INTERNET http://www.tocpercussivo.blogger.com.br/ http://www.percussionista.blogger.com.br/ http://www.cajon.blogger.com.br/ http://www.projetoc.blogger.com.br/

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