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segunda-feira, 27 de julho de 2009

REFLEXÃO

Neste país alguns são mais iguais que os outros Waldemar Rossi Esta coluna sempre teve como objetivo analisar os problemas que afetam a vida do povo sob a ótica do conflito entre Capital e Trabalho. Assim, quando o assunto abordado trata de políticas públicas nada mais faz do que expor em que os acontecimentos se relacionam com os interesses dos trabalhadores. Entre tantos problemas da nossa conjuntura relato alguns apenas. O primeiro trata da Nota de Protesto, emitida pelos alunos da turma de Direito para Assentados da Reforma Agrária e Agricultores Familiares Tradicionais da Universidade Federal de Goiás. A nota denuncia a Decisão da Justiça Federal de Goiás que determinou a extinção do curso de Direito destinado a trabalhadores rurais, criado entre o INCRA e a Universidade Federal de Goiás, e que vem funcionando há quatro semestres. "Sob a alegação de desvio de finalidade no emprego de recursos do PRONERA, afirmando que tal fato lesa o patrimônio social, e ainda que não exista previsão de tratamento diferenciado aos beneficiários da Reforma Agrária, a aludida decisão pondera de forma extremamente agressiva que a existência de nossa turma desrespeita os princípios constitucionais da igualdade, isonomia e razoabilidade". As perguntas a serem feitas aos senhores juízes é: a quem, de fato, interessa a extinção de cursos superiores de direito para trabalhadores rurais? Quem não quer ser contestado com base até em lei sobre seus privilégios? A quem interessa manter trabalhadores sempre em condições de dependência e de exploração? Quem não quer ter contestadas tantas medidas "legais" tomadas pelos nossos governantes e que beneficiam os grandes fazendeiros, latifundiários e grileiros das terras devolutas? E, finalmente, a pergunta mais importante: a quem tem beneficiado sistematicamente as decisões da justiça brasileira, seja em nível local seja em nível estadual e federal, salvo raríssimas exceções? Quantos latifundiários foram julgados por seus crimes, condenados e presos? Portanto, devemos notar que, apesar da lei, neste país alguns são mais iguais que os outros. Outro fato que chama a atenção: a persistência com que Lula publicamente vem defendendo um dos maiores picaretas e corruptos da nossa recente história política: o senador e "coronel" nordestino José Sarney, que insiste em transformar também o Senado (não apenas o Maranhão) em propriedade familiar, pois garante emprego (sem concurso e sem precisar trabalhar) até para namorado da sua neta, além de beneficiar pela mesma prática familiares e amigos de tantos outros homens do Senado. Como aceitar que um presidente da República possa advertir que "é preciso ter cuidados com biografia de investigados", referindo-se ao caso Sarney? Convém lembrar que Lula já tinha extrapolado de suas funções ao defender o fim das denúncias sobre os crimes políticos de Sarney, afirmando que o senador "não é uma pessoa comum". Ora, mas não é isso que garante a Constituição brasileira, que "somos todos iguais perante a Lei? "Ora, a lei!", repetirá alguém, em defesa de Lula e de suas "derrapadas políticas". Assim, para o presidente da República, todos são iguais perante a lei. Mas, alguns são mais iguais que os outros (*). Inclusive ele. O comportamento e as falas do presidente deixam claro: o povo que trabalha pode ficar desempregado, receber baixos salários, ter trabalho precário, ser tratado como escravo, viver de esmolas, ter sua vida devassada e denunciada publicamente, ficar preso sob as piores condições destinadas a um ser humano. Mas os políticos não podem porque são seres acima dos humanos comuns. Assim como ele e seus auxiliares mais diretos. (*) "Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros." Conforme "A Revolução dos Bichos" de George Orwell, Editora Globo. Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

PS: Artigo originalmente publicado em http://www.correiodacidadania.com.br/

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