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sábado, 25 de julho de 2009

5º MOSTRA MUNICIPAL DE TEATRO DE LIMEIRA

TEATRO EM LIMEIRA UMA BOA REALIDADE Para inicio de conversa, quero parabenizar a Secretaria Municipal de Cultura, pela iniciativa de realização da Mostra Municipal de Teatro, evento que seleciona o espetáculo de Limeira no Festival Nacional, outro evento de se tirar o chapéu. Sei que os dois Festivais são feitos literalmente no peito e na raça, com um orçamento ínfimo e até vergonhoso, destinado à cultura. Alias ta ficando chato na cidade, esta História de reservar um orçamento precário para uma pasta de suma importância como a que difunde cultura. Tal procedimento, é hereditário, não é um mal desta administração em especifico, todas parecem que encaram a cultura, como um apêndice e não como fundamental na constituição de consciências criticas, cidadã e de desenvolvimento das artes. Mas isto é um desafio para a ACARTE, a organização dos artistas na cidade, que em breve terá seu lançamento, em lutar por uma maior valorização da cultura e de seus agentes. Por ora, quero dizer, que o Secretario de Cultura e sua equipe são uns heróis, só pelo fato de realizar eventos como os Festivais de Teatro. Assisti até agora três espetáculos e é deles que vou tecer breves comentários. È claro que a qualidade de um trabalho, não pode ser analisado pela quantidade de recursos nele investido, embora seja importante, mas pela dedicação de atores, diretores, iluminadores e toda a equipe envolvida em uma montagem. Os grupos de Limeira, que participaram desta 5º Mostra, são sem duvida alguma desbravadores de moinhos de vento, tal qual o sacrifício que fazem para colocar no palco uma História. Soube por exemplo, que estes grupos para sobreviverem, fazem de tudo, rifa, bingo, venda de doces, salgados e etc...Quase sempre sem patrocínio, a iniciativa privada desta cidade é igualzinha a do restante do País, não vê lucro, não tem apoio. Então minhas criticas não são técnicas primeiro por esta razão, das dificuldades econômicas que impedem espetáculos de maior envergadura, e por ultimo que não sou especialista nestas nuances. A emoção e o gosto pelo Teatro é que são os critérios de minha avaliação. Vamos então a elas. SOL ADOLESCENTE: O texto é do Vereador, Educador e Ex Secretario de Cultura, José Farid Zaine, cuja primeira montagem é de 2002, feita pelo grupo GRITE. O autor na época fez o texto para ser apresentado na rede pública Estadual, onde o mesmo leciona, com objetivos pedagógicos e didáticos. De lá pra cá, já ocorreram varias apresentações, cuja História, pretende mostrar o universo do Adolescente, em um mundo repleto de desafios e problemas. A questão das drogas, da gravidez precoce, do homossexualismo, das gangues juvenis. Enfim questões inerentes da Juventude do Século XXI e do mundo globalizado. A montagem que concorre na mostra é do Grupo HAVERIN (Foto). O tema é interessante e atual. Chama muito a atenção falar da Juventude em qualquer tempo, mas desafiante ainda em tempos que esta mesma juventude fica as voltas com um mundo de consumo e de ilusões, bem como da morte de referencias e perspectivas de futuro. Porem se a idéia é ótima, o roteiro precisa ser atualizado e voltado para o publico adulto. Pois são os adultos os responsáveis pelas mazelas de nossas crianças e adolescentes. È deles a culpa, de milhares de jovens cuja vida tem uma estimativa de no máximo 20 anos. È deles a responsabilidade do poder e uma vez lá, não desenvolvem políticas de defesa e ampliação de direitos da infância e da Juventude. Penso que quando concebido Sol Adolescente, servia como uma espécie de prevenção ao aluno secundarista que assistia à peça. Hoje é necessário ir às raízes do problema e se transformar em um manifesto de jovens ao mundo adulto. No geral destaque para a atriz que interpretou a mãe, a maquiagem dela, envelheceu a jovem em uns 40 anos, muito bom. O ator que fez o personagem Julinho, seu tom de voz é fantástico para o teatro, mas precisa melhorar na expressão corporal. O cenário todo feito à mão (eu acho), grafitagem foi um dos responsáveis para nos colocar na ambientação do roteiro. O poema final publicado aqui no blog, me emocionou, repleto de esperança e muita citação literária, cinéfila, teatral, enfim cultural. Por ultimo sugiro que a canção que fecha o espetáculo, tenha um outro ritmo, mais próximo do que curte a garotada hoje, um Rap, um Rock In Rool, seria a pedida, até para atualização. A PEQUENA E VERDADEIRA HISTÓRIA DE ZÓIO ZOIUDO E SUA AMADA LINDINHA DA SILVA: Um nomão destes, digno de literatura de cordel. Mais que isto uma comédia de botar todo o teatro a rir, a começar pelo titulo. Mas que nada, não é cordel, nem tão pouco só faz rir. Uma miscelânea de estilos, que desenvolve um ritmo, que dificilmente você se despreende os olhos do palco e a mente na História que vem sendo contada. Foi esta sensação que tive com este estupendo espetáculo, de um pouco mais de 45minutos, que mesmo tendo um tema idêntico ao SOL ADOLESCENTE, conseguiu se diferenciar do primeiro, na atualidade e confesso nos fez refletir mais sobre o mundo das drogas, do crime organizado e a juventude envolvida com isto. A peça inicia de forma cômica, nos fazendo pensar que estaríamos prontos a rir e muito. Um narrador com uma voz formal, ia contando a Tragi(comédia), em que Lindinha da Silva, uma menina de família, Ingênua, pura, se envolve com um aprendiz de traficante o Zóio do titulo. Bem o resto você pode imaginar o que acontece, ela (lindinha), se apaixona e se atira de cabeça nas drogas e no universo do namorado traficante. Como eu ia dizendo, só o inicio é de muito humor, depois a iluminação, vai se encarregando de tornar o ambiente pesado e um drama se forma, e as lagrimas vão se formando no espectador. O grupo Ponta de Areia, responsável pela montagem, não esta na mostra competitiva, uma pena. A atuação da Atriz Ariane Martins, me encheu de entusiasmo, com sua performance na pele de Lindinha da Silva. De uma menina inocente, ela se transforma em uma pessoa amarga, violenta, perdida e drogada. Sua presença de palco, fazendo giros com o corpo, caras e bocas e interagindo com o Narrador/Pai, foi fantástico. Alias o Narrador em minha opinião precisa corrigir um problema, seu volume de voz. Às vezes tivemos dificuldade para ouvir e entender o que ele pronunciava. Já o Zóio Zoiudo, personifica o garoto pobre, marginalizado, que encontra no trafico a solução para primeiro comprar um tênis de marca e depois fazer carreira no crime. Bela atuação do Ator que fez o Zóio, tiques de um malandro, ao mesmo tempo sedutor, violento. Este espetáculo recomendo quem não assistiu, a vê-lo. Eu verei de novo com certeza. CALABAR, O ELOGIO DA TRAIÇÃO: Chico Buarque de Holanda é não só o maior compositor de nossa Musica, como é perfeito para escrever Histórias para o Teatro. Agora montar Chico, não é fácil, pois seus textos, principalmente os dos anos 70, utilizavam-se da linguagem cifrada e simbólica. Estamos no meio da Ditadura Militar, não convinha ser direto, a subjetividade era a melhor tática. Por isto o conteúdo nem sempre queria dizer, aquilo que estava escrito. A Calabar foi escrita, censurada e sua trilha sonora, só foi comercializada, porque a Gravadora Philips na época, alterou o nome do LP, para Chico Canta, para poder sair. A História do Português Domingos Fernandes Calabar, “o Traidor”, da coroa, ao se juntar aos Holandeses, não agradou Portugal, que o cassou e matou. Uma metáfora, dos tempos bicudos dos generais, onde para Chico e seu parceiro Ruy Guerra, consistiam na coroa e deveria ser traída, pelo povo Brasileiro. Complexidade, que o grupo Procênio, não soube simplificar no palco, alem de inúmeros problemas técnicos. Um roteiro confuso, não conseguiu sequer nos direcionar para o século XVII, onde tudo aconteceu. Só sabíamos que a trama se desenvolvia no Nordeste, especificamente em Pernambuco, porque os personagens repetiam a toda hora. Saí sem entender bolufas. Se não conhece-se a peça e a História, como a maioria do público presente, com certeza, ficaria ainda mais frustrado. O elenco desconexo no palco, não conseguiu impingir ritmo as cenas, cuja escrita propunha uma eletrização de deixar as pessoas ligadonas. Ao contrario disto, o espetáculo se arrastou por quase duas horas e meia. As musicas foram terminantemente assassinadas pelo elenco, desafinaram, esqueceram letra, não conseguiram unir o canto, a dança e a expressão de corpo durante os números. A garota que cantou Tatuagem, com certeza, fez Elis Regina, melhor interprete desta canção, ficar com vontade de descer dos céus e ela mesma cantar. O ator que fazia o Governador da Capitania de Pernambuco, tentou falar em Português. Seu idioma podia ser tudo mesmo da terrinha alem mar, não entendemos nada o que disse. Três destaques que se salvaram, mas foram insuficientes para salvar o espetáculo: O músico que acompanhou os atores, o cenário não era uma Brastemp mas ajudou pelo menos na movimentação dos atores. Por ultimo a plasticidade, eles estavam muito bem vestidos e lindos, mas só. Penso que a cada dia, Carlos Drummond tem razão, não basta só inspiração, tem que ter transpiração. A mostra termina hoje, com a premiação dos vencedores, e a apresentação do espetáculo convidado, AS PATACOADAS DE CORNÉLIO PIRES, do Grupo Andaime de Piracicaba. O evento terá inicio ás 20h, e a entrada é 2 reais.

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