Gilberto Dimenstein* – Cidade sem catracas
Por Blog Acesso
A qualidade de uma cidade se mede pelo tamanho de suas calçadas. Nunca mais tirei essa frase da cabeça depois que a ouvi de um urbanista.
Sempre tive um enorme prazer em flanar pelas cidades, sem guias nem roteiros, apenas pelo gosto de descobrir novidades, como se eu fosse um menino brincando de caça ao tesouro. Algumas das imagens mais fortes que surgem de Roma, Paris, Nova York, Amsterdã ou Londres não são seus pontos turísticos obrigatórios – mas as emoções nascidas das pequenas descobertas do flanar.
Nasci em São Paulo, onde, menino, brincava nas ruas e, despreocupado, fazia caminhadas pelo centro. Naquele tempo, o centro parecia um parque de diversão, com seus cinemas, teatros, livrarias, sebos, praças alegres. Meu pai tinha uma loja nas redondezas, um porto seguro.
As calçadas são, porém, um símbolo de convivência. O desaparecimento das calçadas paulistanas, devoradas pelos automóveis, é reflexo da forma de perceber o cidadão em seu território. Está aí, em essência, a cidadania. Há toda uma carga ideológica, muito mais do que uma simples questão de trânsito, a prioridade ao automóvel – é o sinal de que o individual suplanta o coletivo.
Extraído: http://ow.ly/1POUV .
Eu li!
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