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segunda-feira, 14 de junho de 2010

CADERNOS DE SARAMAGO

"Publicarei sempre que possível um texto do mestre do realismo fantastico na literatura, o prêmio Nobel e comunista José Saramago. Os textos quase todos crônicas, são originalmente do blog do escritor, http://caderno.josesaramago.org/ ."
Catorze de Junho
Cerremos esta porta. Devagar, devagar, as roupas caiam Como de si mesmos se despiam deuses, E nós o somos, por tão humanos sermos. É quanto nos foi dado: nada. Não digamos palavras, suspiremos apenas Porque o tempo nos olha. Alguém terá criado antes de ti o sol, E a lua, e o cometa, o negro espaço, As estrelas infinitas. Se juntos, que faremos? O mundo seja, Como um barco no mar, ou pão na mesa, Ou rumoroso leito. Não se afastou o tempo. Assiste e quer. É já pergunta o seu olhar agudo À primeira palavra que dizemos: Tudo. In Poesía completa, Alfaguara, pp. 636-637

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