Simon defende mobilização dos árbitros para regulamentar profissão
O último jogo apitado por Carlos Eugênio Simon foi a partida entre Fluminense e Guarani. Na ocasião, o time carioca conquistou o título brasileiro. Em uma carreira consagrada, Simon apitou 1.197 partidas. Entre elas, destaque para seis finais de Campeonato Brasileiro e participação em três Copas do Mundo.
Em entrevista à Radioagência NP, o gaucho de poucas palavras lamenta não ter visto, em sua trajetória de 27 anos dentro dos gramados, a profissão de árbitro regulamentada. Afiliado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Simon ainda não decidiu se um dia participará da política brasileira. “Ainda não tem nada definido”, diz. Torcedor da Seleção Brasileira, afirma que já recebeu alguns convites para trabalhar no jornalismo e na organização da Copa de 2014.
Radioagência NP: Simon, como você avalia sua carreira?
Carlos Eugênio Simon: Foi uma carreira vitoriosa. Comecei nas categorias de base aqui no estado do Rio Grande do Sul e com passar de tempo fui evoluindo nas competições. Tive sorte de trabalhar no último jogo, que foi a minha 6ª final de Campeonato Brasileiro. Foi um jogo emocionante.
RNP: Qual sua avaliação sobre a arbitragem brasileira?
CES: A arbitragem brasileira é boa. Está passando por um processo de renovação. Devemos dar todo apoio a esses jovens árbitros que estão entrando no cenário nacional. O árbitro tem que ter tranquilidade para trabalhar, e esses jovens necessitam disso. Por isso é importante ter comissões bastante fortes para apoiarem esses jovens profissionais.
RNP: Qual sua principal crítica em relação à arbitragem?
CES: Temos que acabar com o sorteio. Ele foi colocado no Estatuto do Torcedor em 2003 e não deu resultado nenhum. Acho um absurdo, temos que nos bancar pela nossa competência, não pode ficar sorteando árbitro. O Brasil é o único lugar do mundo que tem isso. O árbitro tem que ser designado pela Comissão de Arbitragem. Ela deve ter a responsabilidade de indicar os melhores e ser cobrada por isso também. Outro problema é sobre a regulamentação da nossa profissão. O tema já está no Congresso, mas ainda os deputados não deram atenção, por isso está de lado.
RNP: Por que a regulamentação não avança?
CES: É uma realidade no nosso país. Se não nos movimentarmos os problemas não irão se resolver. A categoria dos árbitros é muito pequena. Se não tivermos um amplo apoio da sociedade, se realmente não nos reivindicarmos com força, o negócio fica de lado. Fazendo uma analogia, é a mesma coisa se o Movimento Sem Terra ficar parado, não vão conquistar terra. Tem que haver essa pressão para mudarmos este quadro.
RNP: O que você poderia falar sobre a relação entres clubes de futebol e torcedor?
CES: Torcedor é passional. Em uma discussão de torcedor não impera a razão e sim, a paixão. Ele é movido pelo clube, mas de certa forma um pouco exagerado. Ele coloca uma disposição nessa paixão e muitas vezes não recebe o retorno. Se eles canalizassem toda essa força e energia para outros movimentos, aí sim, seria bem importante.
RNP: Há uma discussão sobre os horários dos jogos aqui no Brasil. Qual sua opinião sobre isso?
CES: Os clubes vivem hoje da renda da televisão. Por isso acabam se submetendo a isso. Acredito que deveria ter uma avaliação bem maior. As pessoas deveriam saber como são negociados esses valores. Deveriam esclarecer mais para a sociedade. Com isso a sociedade teria um entendimento mais claro de quais seriam os melhores horários.
RNP: Você é a favor do sistema de pontos corridos do Campeonato Brasileiro?
CES: É uma discussão que também deve ser feita, não somente por virtudes dos últimos acontecimentos. No meu entendimento deveria haver um jogo final entre o ganhador do primeiro e segundo turno, fazendo uma final de campeonato entre essas duas equipes. Isso cairia muito bem.
RNP: Qual sua opinião sobre os casos de corrupção envolvendo o presidente da CBF, Ricardo Teixeira?
CES: Isso existe em todos os segmentos. Muitas pessoas públicas têm nomes envolvidos em fatos como esses. A Fifa lançou uma nota afirmando que esse processo já foi arquivado. Evidentemente que não é bom a pessoa com maior poder no futebol ser citada nisso. É a mesma coisa se tivéssemos um governador de estado, um presidente da República sendo citados nesses quesitos. Mas até o momento não houve condenação. Se não há condenação, o cara que está sendo julgando não é culpado.
De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto.
15/12/10
Eu li!
Há uma semana
Nenhum comentário:
Postar um comentário