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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ATO PÚBLICO CONTRA A CENSURA

Lamentável! O Grande Dramaturgo Nelson Rodrigues x Jefferson Primo (Cia. Quanta de Teatro)- Sexta-feira 17 de dezembro de 2010, Rio Claro Perdoa-me por me Traíres! Perdoa-me por me Traíres Por Nelson Rodrigues tragédia de costumes em três atos(1957) Personagens: * Nair * Glorinha (Ato de Repúdio a Repressão, a atriz que interpreta esse personagem) * Pola Negri * Madame Luba *Deputado Jubileu de Almeida * Médico * Enfermeira * Tio Raul * Gilberto * Tia Odete * Ceci * Cristina * Judite *Mãe * Irmãos Nelson Rodrigues sempre foi controverso. Melhor do que ignorado como no bestialógico do “entretenimento de massa” de hoje. Dentre outras, Nelson escreveu três peças, “Dorotéia”, “Álbum de Família” e “Senhora dos Afogados”, que são pura poesia teatral, isto é, que vivem enunciadas e encenadas num palco, cria sua própria verdade anárquico sensual e cuja musicalidade transcende noções convencionais de estilo. Até Antunes Filho uma referência no teatro brasileiro, fez espetáculos brilhantes de textos de Nelson, lamentavelmente poucos tiveram a chance de ver. Nelson sabe mais do que sexualmente incon sciente e irresistível do que Schnitzler é capaz de dramatizar uma monomania com a intensidade de um Strindberg e de criar um mundo tão pessoal e diferente do resto como Wedekind. Escreveu uma língua mais divulgada e teria morrido rico e famoso e faria parte dos repertórios das grandes companhias. “Dorotéia” foi fechada pelos críticos de teatro do Rio. Era um espetáculo empolgante, de rara vibração poética, na coreografia única de Zbigniew Ziembinski, o diretor que revelou Nelson em “Vestido de Noiva”, em 1943, que fez por Nelson o que Peter Hall fez por Harold Pinter, porque antes havia sempre mais gente no palco do que nas peças dele. “Burro nasce como capim”, dizia dos críticos hostis. Quem viu “Hamlet”, com Jean-Louis Barrault, e “Dorotéia”, garante que o espetáculo brasileiro foi infinitamente superior, isto me parece um tanto “herético”. Barrault mostrou interesse em encenar “Senhora dos Afogados”. Não sabemos no que deu. Nelson tinha dúvidas quanto ao dispêndio na contratação de um agente deste nível, temia o prejuízo. E gostava de ser artista incompreendido, Vaiado, numa de suas mais polêmicas peças, Perdoa-me por me Traíres, veio ao palco, imprecar contra a platéia. A peça tem grandes momentos, quando Abdias do Nascimento, negro, fazendo um senador da UDN, partido conservador, vai a um bordel de normalistas (velha fantasia sensual do Rio, até nos nossos dias...), e pede a moça “Diz que eu sou reserva moral da nação” e ao ouvir a frase sucessivamente, entra em estertores de gozo. A mulher dizendo “Até me entreguei por um bom dia”. Nesta perspectiva Jefferson Primo (Cia. Quanta de Teatro) fez uma adaptação da peça Perdoa-me por me Traíres, tive o privilégio de assistir em sua terceira noite de apresentação, e todo público presente ficou maravilhado com a originalidade e capacidade que foram tecidos os fios desta trama; com a criatividade do diretor e todo seu elenco. É lamentável, que ainda em plena celebração da liberdade de expressão, tenhamos o absurdo da coação de força fascista agindo nesta direção, contra a arte do teatro rodriguiano. Rodrigues, N./Primo, J. sem público ou apoio crítico para os seus melhores dramas, Nelson produziu “O Beijo no Asfalto”, Toda Nudez será Castigada, “OS Sete Gatinhos, “Bonitinha mais Ordinária” e a interminável crônica jornalística” A Vida Como Ela É. Estes do quais vos falo tem gênio, mas não são percebidos pela crítica midiática e pelo grande público. As peças estão aí. Talento que as toque e revivam como nada de comparável em nosso teatro. Assim como fez a Cia Quanta de Teatro. Parabéns caros amigos. Prof. pesquisador Antonio de Oliveira Cogo. Abraços.

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