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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O MICO DA TELEFÔNICA

Prioridade telefônica
Há muitos anos, vi um cliente em uma agência bancária reclamar que "a pessoa que telefonou não veio pessoalmente e está sendo atendida". Em outras palavras, ele se queixava de ter que esperar sua vez enquanto o atendente falava ao telefone. Foi naquele momento que observei este curioso paradoxo: o telefone sempre acaba tendo prioridade sobre o interlocutor de carne e osso. Essa noção, justa ou injusta, era reforçada pelo "triiim triiim" que até há bem pouco tempo era padrão no recebimento de chamadas. O telefone soava igual a um despertador, gritando para ser atendido logo. Hoje, graças à nova tendência introduzida pelos celulares, também os aparelhos fixos já trazem sons bem mais agradáveis. Mas a urgência continua a mesma.
Aliás, se por um lado os celulares amenizaram o som da campainha, por outro, levaram o conceito de "interrupção telefônica" para as ruas. Você está caminhando e conversando com alguém, muitas vezes uma companhia agradável, e aquele barulhinho personalizado do Terceiro Milênio se faz ouvir na hora mais indesejada. Você fica olhando com cara de tacho enquanto a pessoa a seu lado diz: "Alô... Oi, Fulano! Tudo bem? Ahn... Não, estou na rua, caminhando. Sim! Ah, pois é... Não sei ainda. Tenho que falar com a Beltrana. Ahn... Pois é..." E você "sobra" solenemente. Tudo porque um estranho veio por telefone e roubou sua companhia, sem dó nem piedade.
Embora seja proibido falar ao celular enquanto se dirige, já vi mais de um motorista de táxi atender a ligações no meio da corrida. E seguiram dirigindo com uma mão só, andando mais devagar pela contingência de não poder fazer mudanças. E eu com pressa... Mas nada me indigna mais do que caixa de lanchonete me atendendo enquanto fala ao telefone. Ou me deixa esperando sem a menor cerimônia - para anotar os pedidos de uma tele-entrega, por exemplo - ou tenta agir como um processador multitarefa, segurando o gancho com uma mão enquanto me cobra e dá o troco com a outra. Se for uma pessoa com compulsão de gesticular enquanto conversa, já não conseguirá alternar os dois processos em sua cabeça. E se eu quiser fazer alguma pergunta ou pedir alguma mercadoria de última hora, terei que aguardar minha vez. A prioridade é sempre do telefone.

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