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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ENTENDA O CASO CESARE BATTISTI

Por Cesare Battisti, evitemos a infâmia Daniel Aarão Reis*
Na manhã do dia 20 de março passado, fui apresentado a uma pessoa que até então desconhecia: Cesare Battisti. Sem pedir licença, entrou por debaixo da porta, em fotos e manchetes dos jornais do país. Algemado e cercado por cinco policiais, todos de preto, pesadamente armados com fuzis metralhadoras, no espetáculo mediático a que parece se comprazer de uns tempos para cá a Polícia Federal, para mostrar serviço, o homem franzino tentava aparentar um mínimo de naturalidade, um sorriso gauche nos lábios, a angústia, certamente, no coração.
Quem era Cesare Battisti? Por que merecia os holofotes da grande mídia tão ciosa e avarenta de seus preciosos espaços?
Italiano de origem, nascido nas cercanias de Roma, em 18 de dezembro de 1954, portanto, com 53 anos incompletos, Battisti já deixou longe a juventude, atravessada em fins dos anos 60 e começos dos 70 do século passado. Tempos quentes e turbulentos, quando não poucos imaginaram que o mundo iria radicalmente mudar, e já estava mudando. Para acelerar os ritmos, mobilizar vontades e superar resistências formaram-se em toda a parte organizações e partidos políticos. Para vencer e convencer, com seus propósitos apocalípticos e catastróficos, não hesitaram em recorrer às armas, à luta armada, às guerrilhas urbanas e rurais. A revolução estava à vista, e seca a pradaria: bastaria uma faísca, e o mundo se incendiaria.
A organização a que se filiou Cesare Battisti, Proletários armados pelo comunismo (PAC), foi uma destas vanguardas, como então se auto-denominavam, e gostavam de se figurar. Na Itália, em certo momento daqueles anos, constituíram-se redes de organizações e grupos que chegaram a por em xeque o Estado: eram as chamadas Brigadas Vermelhas. O PAC era um elo, um nó, desta rede, envolvidos todos no grandioso projeto de revolucionar a sociedade, destruir o capitalismo, instaurar o socialismo através da ditadura revolucionária, apresentada, numa pirueta dialética, como a quintessência da democracia social e proletária.
Foram à luta, apostando o tudo por tudo, arriscando a própria vida e colocando em risco vidas alheias, cuidando pouco, ou nada, de ouvir as próprias sociedades, inebriados por inabaláveis certezas, em busca de povos imaginários e de exaltantes triunfos.
Perderam a aposta. Foram derrotados. Os propósitos políticos não ecoaram. As gentes lhes viraram as costas. A polícia política fez o resto, recorrendo não raro à tortura, como de hábito.
Quando tudo já estava perdido, ou quase, em fins dos anos 70, Cesare Battisti foi preso pela polícia italiana. Entretanto, beneficiando-se de condições favoráveis, deu um pulo de gato, evadiu-se, foi para o México, onde se ligou, afetiva e politicamente, aos movimentos insurgentes que pululavam na região, empolgados e articulados pela revolução sandinista, então vitoriosa.
Um pouco mais tarde, na França, F. Mitterand, eleito presidente no início dos anos 80, retomando as melhores tradições do país, abriria um largo espaço para acolher asilados políticos das derrotas que se sucediam. Exigia, em contrapartida, como é praxe nestes casos, que os asilados renunciassem a atividades políticas voltadas para os países de origem, principalmente, é óbvio, que suspendessem todo e qualquer tipo de ação que se relacionasse, direta ou indiretamente, com os propósitos anteriores de enfrentamento violento com a ordem.
Fluíram, então, para a França dezenas de ex-militantes envolvidos nos projetos revolucionários malogrados dos anos 60 e 70, italianos e outros, entre eles, Cesare Battisti. Assim, desde 1990, nosso personagem radica-se na França, asilado político, sob proteção da chamada doutrina Mitterand.
Leia a Integra do texto do Professor Daniel Aarão Reis aqui: http://leituraglobal.com/606/ .

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