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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

COPIANDO E REPASSANDO

"Esta secção, tem como objetivo socializar através da leitura dos posts uma obra literária de vulto. Todo dia será postado um texto do livro a ser abordado. Quem tiver sugestões e queira colaborar, envie nome das obras ou as mesmas para este exercício de compartilhar arquivos e conhecidos. Endereço Eletrônico: revupoeta@yahoo.com.br ou revupoeta@gmail.com “.
A OBRA
Vamos iniciar com a coletânea Mulheres, que reuni textos do escritor Uruguaio Eduardo Galeano. A obra compõe escritos de vários livros do autor, como a trilogia Memória do Fogo, O livro dos Abraços, Vagamundo, Palavras Andantes, Dias e Noites de Amor e Guerra, entre outros. Galeano autor do best seller As veias abertas da América Latina, faz uma homenagem carinhosa a mulheres ilustres e anônimas que ajudaram a construir a História das Américas.
O TEXTO
INÊS
Há poucos meses, Pedro de Valdívia descobriu este monte e este vale. Os araucanos, que tinha feito a mesma descoberta alguns milhares de anos antes, chamavam o monte de Huelén, que significa dor. Valdívia batizou-o de Santa Luzia.
Da crista do morro, Valdívia viu a terra verde entre os braços do rio e decidiu que não existia no mundo melhor lugar para oferecer uma cidade ao apóstolo Santiago, que acompanha os conquistadores e luta por eles.
Cortou os ares sua espada, nos quatro rumos da rosa-dos-ventos, e assim nasceu Santiago no Novo Extremo. Assim cumpre, agora, seu primeiro verão: umas poucas casas de barro e madeira, com telhado de palha, a praça ao centro, a paliçada ao redor. Apenas cinquenta homens ficaram em Santiago. Valdívia anda com os outros pelas ribeiras do rio cachapoal.
Ao despontar do dia, a sentinela dá o grito de alarma do alto da paliçada. Pelos quatro cantos aparecem os esquadrões indígenas.
Os espanhóis escutam os alaridos de guerra e em seguida cai em cima deles um vendaval de flechas.
Ao meio dia, algumas casas são pura cinza e a paliçada caiu. Luta-se na praça, corpo a corpo. Inês corre então até a choça onde funciona a prisão. O guardião vigia, ali, os sete chefes araucanos que os espanhóis tinham prendido tempos atrás. Ela sugere, suplica, ordena que lhes cortem as cabeças. - Como? - As cabeças ! - Como? - Assim!
Inês agarra uma espada e as setes cabeças voam pelos ares.
A batalha muda de direção. As cabeças convertem os sitiados em perseguidores. Na acometida, os espanhóis não invocam o apóstolo Santiago, mas Nossa Senhora do Socorro.
Inês Suárez, a malaguenha, tinha sido a primeira a acudir quando Valdivia alçou a bandeira de alistamento em sua casa em Cuzco. Veio a estas terras do sul á cabeça das hostes invasoras, cavalgando ao lado de Valdívia, espada de aço bom e cota de fina malha, e desde então junto a Vadívia marcha, luta e dorme. Hoje, ocupou seu lugar.
È a única mulher entre os homens. Eles dizem: "È um macho", e a comparam com Roldão e com El Cid, enquanto ela esfrega azeite sobre os dedos do Capitão Franscisco de Aguirre, que ficaram presos no punho da espada, e não existe maneira de abri-los, embora a guerra, por enquanto, tenha terminado.

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